Escrito por Flávio P. Brandt| Revisor Dr. Alexandre Barbosa Naime Assunto de extrema relevância em saúde pública, a sepse passou por modificações conceituais ao longo das últimas décadas, juntamente com os avanços na compreensão dos seus mecanismos fisiopatológicos. No início dos anos 90, os consensos sobre o assunto atrelavam seu conceito ao de síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS) secundária a uma infecção, que poderia evoluir para sepse grave e choque séptico.1,2 Em 2016, a partir do Sepsis-3, os conceitos de SIRS e sepse grave foram abolidos.1 A partir de então, a sepse é definida como uma síndrome de disfunção orgânica ameaçadora à vida causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção, enquanto o choque séptico é resultado da evolução da sepse para condição de anormalidades subjacentes vasculares, celulares e metabólicas com significativo incremento na mortalidade.1 Sua fisiopatologia é complexa, sendo resultado de alterações bioquímicas, fisiológicas e patológicas generalizadas e simultâneas decorrentes de um desequilíbrio de fatores inflamatórios e anti-inflamatórios induzidos por uma agressão infecciosa, que podem resultar no choque séptico e na disfunção orgânica múltipla.1,2 Esse processo começa com a resposta natural do hospedeiro à infecção, quando ocorre a interação entre os padrões moleculares associados ao patógeno (PAMP’s) – como endotoxinas…...