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Tratamento da sífilis congênita em recém-nascidos

Sífilis: visão geral sobre a doença

A sífilis, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum, é curável e exclusiva do ser humano. Apresenta vários estágios, incluindo sífilis primária, secundária, latente e terciária.

Transmissão e impacto na gestação

  • A transmissão ocorre principalmente nos estágios primário e secundário, seja por contato sexual sem proteção ou verticalmente durante a gestação ou parto.
  • Durante a gestação, pode resultar em aborto, graves sequelas ou óbito para o recém-nascido.

Epidemiologia no Espírito Santo

No Espírito Santo, houve um aumento significativo de casos em 2022 em comparação a 2021: 3.906 casos de sífilis adquirida, 1.252 casos em gestantes e 432 casos de sífilis congênita de janeiro a outubro de 2022.

Prevenção e diagnóstico

  • O uso correto da camisinha é essencial na prevenção, sendo a medida mais importante contra a sífilis.
  • O diagnóstico precoce, disponível por meio de Testes Rápidos em Unidades de Saúde, reduz a transmissão.
  • O acompanhamento pré-natal de qualidade é crucial para controlar a sífilis congênita.

Sinais e sintomas por estágio

Sífilis primária

  • Ferida única no local de entrada da bactéria, que aparece de 10 a 90 dias após o contágio.
  • Não dolorosa, com ínguas na virilha.

Sífilis secundária

  • Manchas no corpo, especialmente em palmas das mãos e plantas dos pés, aparecendo entre seis semanas e seis meses após a cicatrização da ferida inicial.
  • Pode causar febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.

Sífilis latente

  • Assintomática, dividida em recente (menos de dois anos) e tardia (mais de dois anos).
  • Pode ser interrompida pelo surgimento de sintomas secundários ou terciários.

Sífilis terciária

  • Sinais e sintomas, como lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podem surgir de dois a 40 anos após a infecção, podendo ser fatal.

A compreensão dos estágios e dos sinais e sintomas é de suma importância para o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz da sífilis, destacando a importância da prevenção e do cuidado durante a gestação para proteger tanto a saúde da mãe quanto a do bebê.

Ainda assim, veremos a seguir que os casos de sífilis congênita têm crescido bastante nos últimos anos. Dessa forma, exige-se mais esforços no tratamento para não se propagar, principalmente em recém-nascidos.

Sífilis congênita em recém-nascidos

Apesar das estratégias adotadas na atenção básica, como o teste rápido para diagnóstico precoce, o acompanhamento pré-natal e o uso de Benzilpenicilina Benzatina no tratamento, a taxa de morbimortalidade neonatal relacionada à sífilis congênita continua aumentando no Brasil.

O pré-natal é fundamental para identificar riscos e reduzir desfechos negativos da sífilis congênita, porém, há desafios, como coleta tardia de exames e questões socioeconômicas, que persistem no momento da admissão na maternidade.

  • A sífilis congênita pode se apresentar assintomática ou com sintomas graves, incluindo quadros sépticos e óbitos fetais e neonatais.
  • Cerca de 60% a 90% dos recém-nascidos com sífilis congênita não apresentam sintomas ao nascer, mas os sintomas podem surgir até o 2º ano de vida.

Desafios na prevenção e tratamento

A atuação do enfermeiro no pré-natal é de extrema importância para o diagnóstico e tratamento adequados da sífilis congênita.

A sistematização da assistência de enfermagem, garantida pela Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, é fundamental para oferecer um cuidado ético e humanizado, resolvendo problemas e atendendo às necessidades de saúde.

  • A ocorrência crescente da sífilis reflete a fragilidade no monitoramento e combate à doença, evidenciando a importância da qualidade da atenção básica.
  • Apesar da facilidade de diagnóstico e tratamento, a sífilis continua sendo um problema de saúde pública devido à alta incidência de casos, especialmente de sífilis congênita.

Por isso é importante falar abertamente sobre o problema, mas infelizmente, o combate e a conscientização sobre a sífilis nem sempre recebem a atenção adequada.

Isso pode ocorrer por diversos motivos, como falta de investimento em campanhas de prevenção, falta de informação sobre os riscos da doença, estigma associado às DSTs e até mesmo questões culturais que dificultam a discussão aberta sobre sexualidade e saúde.

É necessário que haja mais esforços por parte das autoridades de saúde, instituições governamentais e organizações da sociedade civil para promover a conscientização sobre a sífilis. Isso inclui oferecer testes e tratamento acessíveis, além de incentivar práticas sexuais seguras para prevenir a propagação da doença.

A educação sexual nas escolas e campanhas de conscientização também são essenciais para combater doenças como a sífilis.

Metodologia e resultados do estudo

O estudo, uma revisão integrativa, analisou artigos publicados entre 2020 e 2022, obtidos de fontes como SCIELO, BVS e Google Acadêmico, além de um livro de pesquisas científicas.

Onze artigos e um livro foram analisados, fornecendo insights sobre o diagnóstico e tratamento da sífilis congênita, conforme o quadro abaixo.

AutorAnoTítulo
Paula2022Diagnóstico e tratamento da sífilis em gestantes nos serviços de Atenção Básica.
Melz2022Assistência de enfermagem e a sífilis congênita: revisão integrativa.
Macedo2020Sífilis na gestação: barreiras na assistência pré-natal para o controle da transmissão vertical.
Figueredo2020Relação entre oferta de diagnóstico e tratamento da sífilis na atenção básica sobre a incidência de sífilis gestacional e congênita.
Costa2020Construção e validação de uma tecnologia educacional para prevenção da sífilis congênita.
Araújo2022Pesquisas em temas de ciências da saúde V,22.

Discussão e conclusão

Apesar das estratégias adotadas, a incidência de sífilis congênita no Brasil continua alta. Isso evidencia a necessidade de melhorias na assistência pré-natal e na qualidade do monitoramento e combate à doença.

A atuação do enfermeiro é primordial para a identificação precoce, o tratamento adequado e a prevenção da sífilis congênita em recém-nascidos.

O estudo ressalta a importância da abordagem ética e humanizada do enfermeiro, bem como a utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para garantir um cuidado eficaz e completo.

Ainda que haja desafios, é fundamental que o enfermeiro esteja preparado para enfrentá-los e continuar promovendo a saúde da população.

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