Saiba quais são os efeitos do tabagismo e o que o profissional da saúde pode auxiliar no acolhimento aos pacientes
O 31 de maio marca o Dia Mundial Sem Tabaco. Instituída em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a data tem a missão de conscientizar a sociedade acerca das doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.
A condição é uma das principais responsáveis pelas mortes precoces ao redor do planeta. E mais: responde por, ao menos, 90% dos óbitos por câncer de pulmão.
Neste conteúdo, vamos compartilhar com você uma série de informações importantes sobre o assunto. Continue conosco e boa leitura!
Mortalidade no Brasil em decorrência do tabagismo
Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca), relacionados a 2020, apontam que o fumo causou a morte de 161.853 brasileiros (453 por dia) naquele ano. O triste número representa 13% do total de óbitos registrados no país.
Esse cenário é acompanhado de perto por outros quadros, como doença pulmonar obstrutiva crônica, diversos tipos de tumores e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Somado a isso, o tabagismo causa uma série de impactos também à economia e ao sistema de saúde:
- R$ 50,2 bilhões de custos médicos diretos, o equivalente a 7,% de todo o gasto com saúde.
- R$ 42,4 bilhões em custos indiretos decorrentes da perda de produtividade devido à morte prematura e incapacidade.
- R$ 32,4 bilhões em custos de cuidados de familiares e pessoas próximas.
Controle do tabaco no Brasil
Algo que era apresentado comodescolado e jovial tornou-se uma série de dores de cabeça para os profissionais de saúde. Afinal, o uso do cigarro, exposto como uma prática moderna, influenciou homens e mulheres de todas as faixas etárias.
Diante da presença cada vez mais constante do tabaco na sociedade, multiplicaram-se as enfermidades. Isso exigiu a união de autoridades e órgãos sanitários, a fim de controlar o uso do cigarro no Brasil.
Em 1999, durante a 52ª Assembleia Mundial da Saúde, os membros da Organização das Nações Unidas (ONU) propuseram a adoção do primeiro tratado internacional de saúde pública da história da humanidade. Trata-se da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que entrou em vigor no primeiro trimestre de 2005, após dezenas de ratificações.
A aliança determina um conjunto de medidas que visam deter a expansão do consumo do tabaco, ou seja, a oferta e demanda. As autoridades brasileiras e o Inca participam de muitas discussões sobre o tema desde então.
Principais doenças causadas pelo tabagismo
O tabagismo é o responsável por diversas complicações de saúde. Elas incluem, por exemplo, a ocorrência de diferentes tipos de câncer:
- Leucemia mielóide aguda;
- Tumores de bexiga, fígado, pâncreas e pulmão;
- Cânceres de boca, faringe (pescoço) e laringe (cordas vocais);
- Câncer de colo de útero, no caso das mulheres.
Somado a isso, o hábito de fumar contribui para infecções respiratórias, impotência sexual, infertilidade, doenças no cérebro, no coração e nos olhos, entre outros quadros.
Tratamento do tabagismo
O Brasil oferece tratamento gratuito contra o tabagismo via Sistema Único de Saúde (SUS). Ele ocorre por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), capitaneado pelo Inca.
Diversas ações educativas, socioeconômicas e legislativas são realizadas nos 26 estados e no Distrito Federal. A disseminação de conhecimento científico acerca do câncer e sua prevenção é o ponto de partida dos atos.
No entanto, reconhece-se que apenas informar não é suficiente para mudar comportamentos. Por isso, o programa implementa ações sociais e ambientais como mediadores para gerar transformações positivas de condutas, utilizando a sabedoria adquirida.
Há uma série de protocolos que também direcionam as melhores abordagens aos cidadãos, para que os bons hábitos de vida passem a fazer parte da rotina de todos. Eles são divididos em quatro grupos de estratégias:
- Prevenção da iniciação do tabagismo em crianças e adolescentes;
- Estímulo para que fumantes deixem de fumar;
- Medidas de proteção da saúde dos não fumantes em relação à exposição à fumaça do tabaco em ambientes fechados;
- Regulamentação dos produtos de tabaco e sua comercialização.
Para atender à crescente demanda de fumantes em busca de apoio para abandonar o tabaco, o PNCT incorporou o Programa Cessação de Fumar. Este consiste em ações sistemáticas para ajudar as pessoas, dentre as quais, podemos mencionar:
- Divulgação de métodos eficazes para parar de fumar por meio de campanhas, mídia, serviços gratuitos de telefonia e internet.
- Capacitação de profissionais de saúde no apoio à cessação do tabagismo, incluindo o Módulo Ajudando seu Paciente a Deixar de Fumar, com opções de abordagem mínima (carga horária de 4 horas) e abordagem intensiva ou formal (carga horária de 20 horas).
- Inclusão do atendimento para cessação do tabagismo na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme a Portaria 1575/2002 do Ministério da Saúde.
- Implantação de ambulatórios especializados no tratamento de fumantes dentro da rede SUS.
- Mapeamento dos centros de referência para atendimento ao fumante no serviço de discagem gratuita do Ministério da Saúde, o Disque Pare de Fumar.
- Articulação com outros programas, como o Programa de Saúde da Família (PSF) e Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
O tratamento na prática
Os pacientes que realizam o tratamento via SUS são submetidos a: avaliação clínica, abordagens variadas, tanto individuais como em grupo, e, quando apropriado, complementação com terapia medicamentosa em conjunto com a abordagem intensiva.
Para iniciar o processo, justamente na avaliação clínica citada acima, o médico deve requerer o histórico detalhado do paciente, incluindo: idade de início do vício, números de cigarros fumados ao dia, tentativas de cessação, tratamentos anteriores, dentre outros.
Além disso, realiza-se uma aferição física abrangente, com investigação de doenças associadas e possíveis interações medicamentosas que possam contraindicar o tratamento farmacológico proposto.
De modo geral, não apenas necessariamente pelo SUS, clínicas e profissionais especializados em contribuir no abandono do vício devem exigir determinados exames prévios ao tratamento. Dentre eles:
- Radiografia de tórax;
- Espirometria pré e pós-broncodilatador;
- Eletrocardiograma;
- Hemograma e exames laboratoriais;
- Teste de medida do monóxido de carbono no ar expirado (COex) e dosagem de cotinina (urinária, sérica ou salivar), quando disponíveis, para acompanhamento dos resultados do tratamento ao longo do tempo.
Em pacientes com um maior risco associado, outros exames podem ser recomendados, como tomografia de tórax ou ecocardiografia sob estresse físico e farmacológico.
O acompanhamento médico é fundamental para os fumantes que estão em tratamento. Por meio de consultas regulares, o profissional deve realizar uma avaliação abrangente do tabagismo e da evolução do paciente.
Com base nessa avaliação, são definidas metas realistas e um plano de tratamento personalizado é elaborado.
Durante todo o processo, é fundamental oferecer suporte contínuo, monitorando os sintomas e efeitos colaterais, ajustando o método conforme necessário e fornecendo orientações e motivação para ajudar o paciente a alcançar sucesso na sua jornada.
O Governo, por meio do SUS, disponibiliza medicamentos importantes para minimizar sintomas de abstinência à nicotina durante o processo de cessação do tabagismo. Estão disponíveis atualmente:
- Adesivo transdérmico de nicotina: 21, 14 e 7 mg.
- Goma de mascar de nicotina 2 mg.
- Pastilha de nicotina 2 mg.
- Cloridrato de Bupropiona 150 mg (comprimido).
Além da medicação subsidiada, também é fornecido acompanhamento psicológico e grupos de apoio. Para receber o tratamento para o tabagismo, é necessário que o fumante busque a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência.
Discutir o tabagismo é fundamental na área da saúde
Os médicos e todos os outros profissionais da saúde precisam estar por dentro das diretrizes que regem as melhores abordagens frente ao tabagismo. Nesse sentido, é fundamental integrar discussões sobre o tema.
Aos pacientes, é fundamental destacar os benefícios da interrupção do fumo. O acolhimento deve mencionar os malefícios do uso do tabaco, bem como a importância de ações complementares, o que inclui a prática de exercícios físicos regulares.
Confira outros artigos relacionados a doenças no Brasil
Nós, da Medictalks, desenvolvemos uma série de artigos sobre assuntos relacionados às doenças que acometem a população brasileira. Os conteúdos estão disponíveis em nossa plataforma.