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Hemorragia digestiva baixa: confira as últimas atualizações

O que é hemorragia digestiva baixa e quais são as suas causas?

É todo sangramento que ocorre a partir do ângulo do Treitz, ou seja, da flexura duodenojejunal. As principais causas são:

  • Doenças diverticulares;
  • Angiodisplasia;
  • Divertículo de Meckel;
  • Doença inflamatória intestinal;
  • Colite isquêmica;
  • Doenças anorretais;
  • Pólipos intestinais;
  • Câncer colorretal.

Sintomas da hemorragia digestiva baixa

  • Sangue nas fezes;
  • Constipação crônica;
  • Perda de peso;
  • Dor anal ou retal;
  • Dor abdominal;
  • Diarreia;
  • Outras alterações no hábito intestinal.

Público atingido

A hemorragia digestiva baixa é mais frequente em adultos e idosos, mas também atinge crianças e adolescentes.

Formas de diagnóstico

  • Como a hemorragia digestiva alta pode manifestar com enterorragia, a endoscopia digestiva alta faz parte da investigação diagnóstica.
  • Caso seja descartado o diagnóstico de hemorragia digestiva alta, a colonoscopia é o método principal. Deve ser feito mediante preparo do cólon. A partir desse exame, temos a confirmação do diagnóstico ao identificar a presença de sangue não coagulado no íleo terminal ou após a válvula ileocecal.
  • Também é possível analisar o sangramento, caso os exames de imagem falhem em diagnosticar. Em situação de hemorragia leve (de até 0,1 mL/min), deve ser feito o estudo radioisotópico, mapeando as hemácias marcadas com tecnécio.
  • Em hemorragias volumosas (maiores que 0,5 mL/min), o indicado é realizar uma arteriografia.

Principais opções de tratamento

  • Endoscopia, com soluções esclerosantes, laser no vaso com sangramento e eletrocoagulação;
  • Colonoscopia, com embolização e uso de vasoconstritores;
  • Em casos de sangramento agudo, estabilização hemodinâmica aliada aos outros tratamentos;
  • Ressecção cirúrgica, se houver instabilidade hemodinâmica; quando o sangramento persiste por mais de 72h horas; ou em caso de ressangramento volumoso com menos de uma semana após o tratamento.
  • Quando não é possível localizar o ponto de sangramento, ou se sangramento ocorre em mais de uma localização ou é difuso, é recomendado a colectomia subtotal com ileorretoanastomose ou ileostomia.

Atualizações sobre a hemorragia digestiva baixa

O Colégio Americano de Gastroenterologia publicou recentemente atualizações referentes ao tratamento de pacientes com essa patologia. Confira:

Uso de anticoagulantes

  • Varfarina

Em pacientes com hemorragia digestiva baixa e tempo de protrombina em faixa supra-terapêutica.

  • DOACs

Recomendada a reversão com plasma fresco congelado. Utilizar agentes de reversão específicos, se foi aplicado DOAC nas 24 horas anteriores (idarucizumabe para dabigatrana e andexanet alfa para apixabana e rivaroxabana).

Uso de antiplaquetários:

  • A transfusão de plaquetas não é recomendada, exceto: em casos de índices menores que 30.000 plaquetas/microlitro de sangue, ou durante procedimento endoscópico, se houver indícios menores que 50.000/microlitro.
  • Na ausência de sangramento ativo ou grave, a aspirina pode ser mantida para prevenção secundária. Para pacientes com dupla antiagregação, é recomendado suspender o antagonista P2Y12. Se houver alto risco cardiovascular, a decisão deve ser tomada por uma equipe multidisciplinar. Em caso de stent aplicado a menos de um ano, recomenda-se o retorno dos antagonistas P2Y12 em no máximo 5 dias.

Informação importante: agentes antifibrinolíticos, como ácido tranexâmico, não devem ser usados para tratar hemorragia digestiva baixa, pois os estudos apresentaram aumento de risco de eventos tromboembólicos venosos e convulsões, sem indicar diminuição do sangramento.

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