As enchentes que afetaram o litoral de SP podem ser altamente prejudiciais à saúde da população atingida. Saiba mais sobre os riscos das doenças infectocontagiosas!
No último mês, visualizamos nas manchetes a triste situação das enchentes no litoral de São Paulo. A falta de segurança nos locais afetados prejudica a população não apenas de forma material. A saúde também está em jogo.
Todo o caos instaurado pelos alagamentos faz com que os médicos liguem um sinal de alerta. Isso se dá com o aumento da probabilidade de transmissão de doenças infectocontagiosas, como leptospirose e dengue.
Neste artigo, você irá entender melhor os perigos das inundações, os riscos gerados à vida das pessoas e como agir nestas situações. Siga acompanhando até o final!
Por que as enchentes aumentam o risco de doenças infectocontagiosas?
As chuvas intensas que resultam em enchentes e alagamentos acabam colocando a saúde dos moradores da região em risco. Isso porque estes fenômenos contribuem no aparecimento de doenças.
Um dos principais perigos é a infecção causada por vetores e pela contaminação da água e/ou alimentos. Essas formas de transmissão aumentam os casos de enfermidades, como as hepatites virais e até mesmo o tétano, causando surtos nas áreas atingidas.
As enchentes no Brasil acontecem ciclicamente, principalmente em locais sem sistemas de escoamento ou com gestão hídrica falha. O exemplo mais recente aconteceu em fevereiro, em pelo menos seis cidades paulistas.
Até o dia 21 do último mês, um levantamento publicado pelo G1 junto às prefeituras de Bertioga, Caraguatatuba, Guarujá, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba, mapeou 181 áreas de risco de deslizamentos ou enchentes.
Os moradores deverão receber toda a assistência médica necessária para evitar infecções ou para iniciar os tratamentos o mais rápido possível.
Principais doenças causas pelas enchentes
Os agentes infecciosos possuem uma facilidade maior de se espalhar durante as enchentes e alagamentos. Dentre as principais doenças transmitidas estão:
- Hepatites virais
Um dos principais vírus transmitidos em alagamentos é o da Hepatite A. A infecção acontece por meio da ingestão de água, alimento ou fezes contaminadas.
A pessoa infectada terá sintomas semelhantes aos da gripe, com dor de cabeça ou garganta, tosse e mal-estar durante semanas.
- Leptospirose
Causada pela bactéria Leptospira, geralmente é encontrada em fezes e urina de animais contaminados. Poderá haver o contágio ao entrar em contato com mucosa ou feridas na pele.
Os sintomas variam, mas comumente estão relacionados à febre alta, perda do apetite, calafrios, vômitos e diarreia.
Outros indícios acontecem com o agravamento da doença, após cerca de sete dias dos primeiros sinais, causando insuficiência renal, alteração na circulação sanguínea, dentre outros.
- Tétano
Originada da bactéria Clostridium Tetani, uma das formas de transmissão desse gram-positivo se dá por esporos em solos contaminados por fezes humanas ou de animais. Também pode ser conduzido na poeira.
A toxina produzida causa rigidez muscular, contrações involuntárias, mialgia intensa ou, quando em estado grave, acomete a musculatura respiratória.
- Dengue
De conhecimento geral da população, essa arbovirose acomete as pessoas através da picada do Aedes Aegypti, que geralmente está em locais onde há acúmulo de água.
O quadro clínico de quem contrai a dengue apresenta febre alta, cefaléia, dor abdominal e retroorbitária, mialgia, aparecimento de petéquias e prostração.
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- Cólera
Essa doença intestinal aflige pessoas por meio da ingestão da bactéria Vibrio Cholerae, encontrada na água e/ou comida contaminada por fezes de pessoas ou animais infectados.
Inclusive, a cólera é mais comum em ambientes sem água encanada ou com falta de saneamento básico efetivo.
As pessoas sentem os efeitos após 2 a 5 dias do contato com a bactéria e os sintomas envolvem diarreia intensa, vômitos contínuos, cansaço excessivo, desidratação e arritmia.
- Malária
O Brasil é um “prato cheio” para a Malária, que surge em locais de clima quente e com grande incidência de chuva, e é proliferada pelo Plasmodium.
Após 8 a 14 dias da picada do mosquito fêmea do gênero Anopheles, infectado pelo parasita citado antes, ocorre febre, náuseas, dor muscular, fraqueza, pele e olhos amarelados.
Quer se aprofundar nas ferramentas diagnósticas para casos suspeitos de Malária? Confira o artigo científico escrito por Arthur Tonani Pereira Cançado Ribeiro e revisado pelo Dr. Alexandre Barbosa Naime: Ferramentas Diagnósticas para casos Suspeitos de Malária.
- Toxoplasmose
Conhecida como a doença do gato, surge por meio do parasita Toxoplasma Gondii. Uma das formas de infecção nas enchentes é através do consumo de alimentos ou água contaminados.
Após 5 a 20 dias do contato com o parasita, surgem ínguas pelo corpo, febre, dor muscular, manchas vermelhas no corpo, dificuldade para enxergar, etc.
Como evitar a contaminação em enchentes?
Educar os pacientes sobre como agir em situações de enchentes é uma das formas de prevenir a contaminação de doenças infectocontagiosas. Recomende que, se possível, evitem entrar em contato com a água, que possivelmente estará infectada.
Outra maneira é utilizar luvas e máscara para lavar com cloro tudo o que estiver molhado, eliminando, assim, microrganismos prejudiciais à saúde. Indique ainda o uso de repelente nos dias após a enchente.
Além disso, outras atitudes devem ser tomadas, como por exemplo:
- Não consumir alimentos que tenham tido contato com a água da inundação, mesmo que estejam embalados ou enlatados;
- Ingerir apenas água filtrada ou que tenha sido fervida antes de beber;
- Jamais utilize água sanitária na água ou em alimentos de humanos ou animais.
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