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Os avanços no tratamento do câncer no Brasil através da terapia celular

O cenário da oncologia está em constante evolução, impulsionado pela busca por tratamentos mais eficazes e personalizados. A terapia celular, especificamente com células CAR-T, representa uma revolução na abordagem do câncer, especialmente em tipos hematológicos.

No Brasil, recentes investimentos e avanços tecnológicos contra o câncer têm colocado o país no mapa global da pesquisa e desenvolvimento nessa área.

A terapia celular, em particular com células CAR-T, envolve a manipulação genética e a reprogramação do sistema imunológico do paciente para combater células cancerígenas de forma direcionada e específica.

As células T do paciente são modificadas em laboratório para expressar receptores de antígenos quiméricos (CAR), permitindo-lhes reconhecer e atacar células cancerígenas.

Veja abaixo como funciona a terapia celular por etapas:

  1. Coleta de sangue;
  2. Amostras encaminhadas ao laboratório;
  3. Isolamento das células “T” do sangue;
  4. Células modificadas geneticamente em 14 dias;
  5. Durante esse processo, as células são transformadas em CAR-T;
  6. Células são congeladas e passam por um controle de qualidade por 45 dias;
  7. Paciente recebe as células modificadas por meio de uma transfusão de sangue.

Se tudo der certo, o paciente retorna para casa após semanas em observação. Apesar de um período longo, a terapia celular é vantajosa porque reduz o uso de remédios para dor bem como a necessidade de quimioterapia.

Além disso, é possível ter remissão total ou parcial do câncer com uma terapia de caráter nacional e disponível pelo SUS.

O papel das células CAR-T

As células CAR-T representam uma forma inovadora de terapia, com resultados promissores em pacientes com cânceres hematológicos avançados, como leucemia e linfoma.

Sua capacidade de identificar e destruir células tumorais de forma precisa tem revolucionado o tratamento, oferecendo opções para pacientes que não responderam a terapias convencionais.

Avanços no Brasil

No Brasil, os recentes investimentos e colaborações entre instituições acadêmicas, governamentais e privadas têm impulsionado o desenvolvimento da terapia celular contra o câncer.

Reiterando que a terapia com células CAR-T utiliza os próprios linfócitos-T dos pacientes, células do sistema imunológico humano. Com a aprovação da Anvisa em março de 2024, 81 pacientes serão incluídos em um novo ensaio clínico conduzido pela Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (Fundherp) em colaboração com o Instituto Butantan.

Inicialmente, 20 pacientes com diagnóstico de linfoma e leucemia, sem opções terapêuticas devido à recidiva, receberam tratamento há um ano. Dos 20 casos, 14 responderam favoravelmente ao tratamento.

Colaboração para o avanço

A parceria entre o Hemocentro de Ribeirão Preto e o Instituto Butantan visa potencializar a expertise de ambas as instituições, tanto em pesquisa científica quanto na fabricação de produtos biológicos para disponibilização no Sistema Único de Saúde (SUS).

A Anvisa supervisionará o ensaio clínico até dezembro, garantindo rigor e segurança no desenvolvimento do tratamento.

Possibilidades e desafios

A terapia com células CAR-T está disponível em alguns hospitais brasileiros, principalmente para casos de recidiva de linfoma difuso de grandes células B e leucemia linfoblástica aguda.

Jayr Schmidt Filho, do A.C.Camargo, destaca a importância desse avanço no tratamento do câncer, ressaltando também estudos em andamento para expandir seu uso em outros tipos de câncer hematológico.

Entretanto, o alto custo – em torno de R$ 2 milhões por paciente – representa um desafio significativo. O investimento e os esforços contínuos visam tornar a terapia mais acessível no futuro.

Até o momento, o hospital da capital realizou 22 infusões, tanto em protocolos comerciais quanto de pesquisa.

A terapia celular CAR-T é uma nova forma de tratamento do câncer, promovendo avanços significativos na luta contra essa doença devastadora. Assim, com a contínua pesquisa e colaboração, espera-se que sua eficácia seja ampliada e seu acesso, democratizado.

Caso de remissão da doença com terapia celular

Vamberto Luiz de Castro, um servidor público aposentado de 62 anos, enfrentava um linfoma quando procurou o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP), renomado centro nacional de combate ao câncer, em 2019.

Diagnosticado com linfoma não Hodgkin em 2017, Vamberto havia esgotado opções convencionais de tratamento, incluindo quimioterapia e radioterapia, sem sucesso. Seus tumores se espalharam para os ossos, resultando em dores intensas, dificuldade de locomoção e fraqueza extrema.

Com um prognóstico sombrio, Vamberto qualificou-se para um tratamento inovador com tecnologia CAR-T, pesquisado no Centro de Terapia Celular do HCRP, sob a coordenação do renomado hematologista Dimas Covas, hoje presidente do Instituto Butantan.

Após a aplicação da terapia celular, Vamberto relatou alívio significativo da dor em apenas quatro dias e recuperação da mobilidade em uma semana. Em menos de 20 dias, não havia mais células cancerígenas detectáveis em seu organismo.

Este caso de sucesso ilustra não apenas a eficácia da terapia celular, mas também sua capacidade de proporcionar resultados rápidos e transformadores, sendo uma alternativa para pacientes sem opções de tratamento convencional.

Vamberto deu entrada no HCRP em 9 de setembro de 2019 e recebeu alta um pouco mais de um mês depois, marcando um marco significativo na história da medicina brasileira e na luta contra o câncer.

Sua jornada destaca a importância da pesquisa contínua e do acesso a terapias inovadoras para pacientes com doenças graves.

Conclusão

A terapia celular contra o câncer representa uma promissora fronteira na luta contra a doença, oferecendo novas esperanças e desafios para a comunidade médica e científica.

No Brasil, os recentes avanços e investimentos destacam o potencial do país como um líder na pesquisa e desenvolvimento nessa área.

O caso de sucesso que abordamos, por exemplo, mostra como os estudos e maiores investimentos poderão ajudar a encontrar a cura do câncer.

Até lá, é preciso enfrentar os desafios e oferecer tratamentos eficazes e acessíveis a todos os pacientes afetados por essa doença.

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