O que determina o sucesso de médicos recém-formados: seu salário, a instituição que ele trabalha ou a sua reputação?
Na verdade, o sucesso é uma questão de ponto de vista. Contudo, todos esses fatores, desde o nome até a remuneração, podem ser melhorados com uma especialização. Por quê? É sobre isso que falaremos em seguida.
Em 2020, devido à pandemia de COVID-19, o governo federal permitiu que os estudantes de medicina se formassem mais cedo para ajudar no combate da doença. Por isso, a maioria dos médicos recém-formados nessa época começaram a atuar imediatamente como clínicos gerais – o que fez toda a diferença no momento.
Entretanto, se esse é o seu caso, agora que o cenário mundial da saúde está se estabilizando, será que vale a pena investir em uma especialização?
Dependendo dos seus objetivos profissionais e pessoais, a resposta é sim, e veremos dois motivos a seguir.
De acordo com os dados da Demografia Médica, atualmente, quase metade dos médicos generalistas (48,5%) tem mais de três vínculos empregatícios, sendo que, destes, mais de 90% têm mais de cinco empregos simultaneamente.
Na maioria das vezes, um médico generalista trabalha em regime de sobreaviso e plantonista, o que torna sua rotina instável. Além disso, é comum que profissionais dessa área exerçam outras funções.
Segundo a Demografia Médica, grande parte dos médicos tem pelo menos quatro fontes de renda, variando entre empreendedorismo, hospitais e clínicas privadas e públicas.
É verdade que todos os médicos têm uma rotina bastante agitada. Contudo, os clínicos gerais tendem a trabalhar mais, pois a demanda é muito maior.
Por outro lado, especialistas costumam ter uma rotina mais organizada, pois não dependem exclusivamente de plantões. Além disso, eles também têm um plano de carreira mais estruturado e com maior possibilidade de se dedicar a pesquisas.
O excesso de funções que os médicos generalistas ocupam também tem um grande impacto na sua saúde física e mental. Trabalhar demais, mesmo com algo que gostamos, pode causar danos sérios à nossa qualidade de vida, como transtornos de ansiedade, estresse e Síndrome de Burnout.
Além da carga horária, o salário também pode afetar a qualidade de vida, pois trabalhar muito e não se sentir devidamente recompensado é um dos fatores de risco para o esgotamento profissional.
De acordo com o Sine (Site Nacional de Empregos), um médico generalista recém-formado recebe entre R$ 4.800,00 e R$ 8.000,00. Por outro lado, médicos especialistas têm salário médio entre R$ 9.000,00 e 20.000,00, podendo chegar a R$ 30.000,00 dependendo da experiência e da área de atuação.
Além disso, ser especialista traz outras vantagens, como mais oportunidades de emprego em instituições privadas e vagas em concursos públicos.
Então, em muitos casos, a chave para o sucesso de médicos recém-formados é a especialização.
Apesar do aumento de médicos no Brasil, ainda existe um grande déficit de especialistas capazes de acompanhar as mudanças da área da saúde. Por isso, ao se especializar, o médico recém-formado tem mais chances de crescimento profissional.
Atualmente, existem duas formas de se especializar: fazendo residência médica ou uma pós-graduação. A seguir, conheça mais detalhes sobre cada método e veja qual se encaixa melhor na sua rotina.
A residência médica é um curso de especialização gerenciado pelo MEC (Ministério da Educação) e regido pela CNRM (Comissão Nacional de Residência Médica). Segundo esses órgãos, a carga horária semanal dos residentes é de 60 horas, incluindo 24 horas de plantão, um dia de folga, descanso de 6 horas após plantão de 12 horas e trinta dias de férias por ano.
Atualmente, o valor da bolsa de residência médica pago aos estudantes é de um pouco mais de R$ 4.100,00. Contudo, como o residente é obrigatoriamente filiado ao RGPS (Regime Geral de Previdência Social), há um desconto de 11% sobre a bolsa.
O MEC é o responsável pelo pagamento da bolsa de residência. Por isso, o valor é o mesmo para todas as especialidades e instituições. Entretanto, alguns programas podem pagar mais do que a bolsa padrão como forma de incentivo.
Para os médicos recém-formados, os melhores programas de residência são os de especialidade de acesso direto, ou seja, que não exigem especialidade ou experiência prévia. Depois disso, também é possível ingressar em uma residência de sub-especialização ou em uma especialização com pré-requisito.
A vantagem de ingressar em uma residência médica é que, além do conhecimento teórico e prático, ela também é uma fonte de renda. Contudo, os programas são tão concorridos quanto os vestibulares de medicina.
A segunda forma de fazer uma especialização é cursando uma pós-graduação. Entretanto, nesse caso é importante escolher bem o curso e a instituição de ensino.
O melhor é que a pós ofereça aulas teóricas e práticas. Assim, o médico recém-formado ganha mais oportunidades de colocar o conhecimento em prática, o que vai ajudá-lo a ter mais confiança.
Após concluir a pós-graduação, o médico vai precisar prestar uma prova de títulos para se tornar um especialista. Ela é composta por três etapas: prova teórica, prova prática e avaliação do currículo. Dependendo da especialidade, pode ser necessário fazer também uma prova de habilidades.
A vantagem de se tornar um especialista por meio de uma pós-graduação é que não é difícil ingressar no curso. Basta fazer a matrícula na instituição de ensino escolhida e pagar as mensalidades. Além disso, a pós-graduação demanda menos tempo do que a residência.
Todavia, para ter o título de especialista, é obrigatório prestar a prova de títulos, que também é paga. Por isso, o investimento financeiro é maior nessa modalidade.
Mesmo assim, os médicos recém-formados podem se beneficiar muito como especialistas. Como vimos, além da carga de trabalho e do número de funções menor, o salário pode ser até 4 vezes maior do que o de um médico generalista.
É claro que o sucesso de médicos recém-formados não depende exclusivamente de uma especialização. Mas, sem dúvida, ela pode ser uma ferramenta para aumentar o conhecimento e a experiência do profissional, adicionando um diferencial competitivo.
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