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Dengue no Brasil em 2024: números, tipos, sintomas e prevenção

A dengue no Brasil em 2024

A dengue é uma doença infecciosa aguda, causada por um vírus da família Flaviviridae, gênero Flavivírus, com quatro sorotipos conhecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.

Transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue pode se manifestar de forma clássica ou hemorrágica.

O controle do vetor é crucial para prevenir a propagação da doença, uma vez que o Aedes aegypti tende a proliferar em ambientes urbanos, utilizando recipientes com água parada para a postura de ovos.

Medidas de controle incluem remoção de criadouros e uso de repelentes e inseticidas. No Brasil, a presença do mosquito é constante, contribuindo para epidemias recorrentes, especialmente em períodos de maior pluviosidade e temperaturas elevadas, como no verão.

Tipos de dengue

  • Dengue Clássica: Caracterizada por febre alta, dores musculares, dores de cabeça, náuseas e erupções cutâneas semelhantes à rubéola. Geralmente dura de 5 a 7 dias.
  • Dengue Hemorrágica: Apresenta sintomas semelhantes à forma clássica, mas pode evoluir para manifestações hemorrágicas e choque circulatório, sendo mais grave e exigindo internação hospitalar.

Sintomas e diagnóstico

A dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e autolimitada, porém, pode evoluir para formas graves, incluindo óbito. Os sinais de alarme incluem febre repentina, dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos.

Os sinais de agravamento após a fase crítica (durante a fase de recuperação) podem indicar extravasamento de plasma e/ou hemorragias, tais como:

  • Dor abdominal intensa
  • Vômitos persistentes
  • Acúmulo de líquidos em cavidades corporais
  • Hipotensão postural
  • Letargia
  • Aumento do tamanho do fígado
  • Sangramento de mucosas
  • Aumento progressivo do hematócrito

Todos os indivíduos, especialmente mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e pessoas com mais de 65 anos, são suscetíveis à dengue e têm maior risco de complicações.

O diagnóstico é clínico e pode ser confirmado por exames laboratoriais.

Panorama da dengue no Brasil em 2024

  • Epidemias recorrentes a cada 4 ou 5 anos, com mais de 7 milhões de casos notificados desde 1981.
  • Aumento da gravidade da doença e hospitalizações nos últimos anos.
  • Distribuição dos casos de dengue clássica e hemorrágica mudou, com maior incidência em crianças após 2006-2007.
  • Regiões Centro-Oeste e Sudeste lideram notificações, com aumento significativo em algumas áreas.
  • A presença do Aedes aegypti é constante, especialmente em áreas urbanas, contribuindo para a propagação da doença.

A Fiocruz e o seu importante papel na luta contra a dengue

A Fiocruz desempenha um papel fundamental no estudo e controle da dengue no Brasil. Desde a identificação do vírus tipo DENV-1 em 1986, a instituição tem liderado pesquisas sobre o mosquito vetor e estratégias de controle.

Projetos como a introdução da bactéria Wolbachia para bloquear a transmissão do vírus são promissores. Além disso, estudos clínicos e epidemiológicos são conduzidos para entender melhor a doença e desenvolver vacinas.

A dengue continua sendo um desafio de saúde pública no Brasil, exigindo esforços contínuos de prevenção, controle e pesquisa para mitigar seus impactos na população.

Prevenção e controle

A prevenção da dengue envolve o controle do mosquito vetor, identificação precoce dos sintomas, busca por assistência médica e vigilância epidemiológica.

O tratamento é sintomático, com analgésicos e antitérmicos, além da vacina Dengvaxia, usada somente para quem já foi infectado. O uso de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios deve ser evitado devido ao risco de hemorragias.

A prevenção e o manejo adequado da dengue eram, até então, desafios importantes na saúde pública, exigindo esforços contínuos para proteger a população. Afinal, a única vacina até então disponibilizada no Brasil era apenas para quem já teve contato com a dengue.

Felizmente, o Brasil recebeu uma boa notícia em 2024: uma vacina gratuita contra dengue, mesmo para quem nunca teve a doença.

Qdenga, a primeira vacina pelo SUS contra a dengue

O Brasil recebeu sua primeira remessa da Qdenga, vacina contra a dengue produzida pelo laboratório japonês Takeda, para distribuição pelo SUS.

O primeiro lote, doado pela fabricante, contém 750 mil doses destinadas a adolescentes de 10 a 14 anos em cidades com mais de 100 mil habitantes, considerando as taxas de transmissão da doença.

Sobre a Qdenga

  • O que é: A Qdenga (TAK-003) é uma vacina contra a dengue desenvolvida pela Takeda Pharma, aprovada pela Anvisa em março de 2023. Contém vírus vivos atenuados dos quatro sorotipos do vírus da dengue.
  • Quem pode se vacinar: Indicada para pessoas de 4 a 60 anos. Não há estudos de eficácia em pessoas com mais de 60 anos. Pode ser administrada em quem já teve dengue ou em quem nunca foi infectado, exceto em casos de alergia a componentes, sistema imunológico comprometido, gestantes e lactantes.
  • Gratuidade: A Qdenga será oferecida gratuitamente pelo SUS, integrando o Programa Nacional de Imunizações.

Distribuição e aplicação

  • Distribuição: Destinada a municípios com mais de 100 mil habitantes e alta transmissão nos últimos dez anos. O governo adquiriu 5,2 milhões de doses, com mais 1,32 milhão doadas pela Takeda.
  • Início da vacinação: Prevista para fevereiro, inicialmente para crianças e adolescentes. Estima-se imunizar 3,2 milhões de pessoas em 2024, com priorização por região.

Efeitos colaterais e comparação com a Dengvaxia

Reações

Podem ocorrer reações leves a moderadas, como dor no local da injeção, dor de cabeça, dor muscular, vermelhidão, mal-estar, fraqueza e febre, principalmente após a primeira dose.

Diferenças com a Dengvaxia

  • Público-alvo: Qdenga para quem nunca teve dengue, Dengvaxia para quem já contraiu a doença.
  • Faixa etária: Qdenga dos 4 aos 60 anos, Dengvaxia dos 9 aos 45 anos.
  • Número de doses: Qdenga em duas doses com três meses de intervalo, Dengvaxia em três doses com seis meses de intervalo.

Assim, a chegada da Qdenga amplia as opções de prevenção contra a dengue, reforçando os esforços de combate à doença no Brasil.

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